quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Kharma

    Ouvi dizer que o kharma dos leoninos é cobrado a vista, e posso dizer que tem sido assim durante minha viagem pela vida. Recebo de volta em igual intensidade aquilo que faço/desejo. E o que não é cobrado me dá medo. Então recuo, mudo, me arrependo, me redimo e seja lá o que for, que merda for, eu simplesmente contorno; mas afinal, que merda de ser humano sou eu que só deixo de fazer o mal se aquilo me castigar, de alguma forma? Será que só não faço certas coisas por medo da punição? Ou porque senti as punições na pele? Ou seja lá por que diabos seja. Concluo que não sou tão ético assim. E eu nem estudei ética, afinal. Eu sou um emaranhado de erros e acertos, questionando minha conduta a fim de melhorá-la. Por quê? Porque eu sou um manipulador? É. Pode ser.


    Eu gostaria realmente de saber o porquê de escolhermos condutas mais humanas senão um medo coletivo da punição, pela lei dos homens ou outras leis superiores, ou qualquer coisa que possa reger sobre a vida de cada pessoa dentro da sociedade.

    Eu confesso que eu não estudei sociologia o quanto deveria, eu apenas vivenciei diferentes realidades sociais; e das realidades que cada pessoa pode me mostrar, eu não sei se somos tão éticos, morais, ou qualquer nome que isso deva ter. Não somos. Mas isso também não nos torna mal.

    Eu também não estudei filosofia o quanto deveria, mas filosofo bastante sobre o que me ocorre. Pensar me aproxima dos meus sonhos. Pensar melhora minha vida. E eu acredito que pensando nos tornamos melhores, pouco a pouco, seja pela educação, seja pelo medo da punição. E assim me coloco outra questão:


    Será que a educação poderia "encurtar" este caminho se sobrepondo à função social da punição?


    Eu pagaria para ver. 


    Mas eu não sou fruto exatamente disso. Sou um amontoado de pluralidades e ambiguidades e sincronicidades. Enfim, aceito meus kharmas e prometo, a mim mesmo, que irei mudar. Sempre mudo, a questão é, para melhor ou para pior?

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Rotina.

Acordo cedo toda manhã com um objetivo simples de sair e caminhar pelo menos uns 5 km antes de começar qualquer outra coisa que possa fazer sentido dentro do meu dia. Eu caminho, fotografo, leio, escrevo. Andar não precisa ser só percorrer caminhos. É importante aproveitar o caminho também.

Minha mente está num estado de total absorção de conhecimento. Quero novos horizontes, mas não dos viveres, estes eu adquiro com o caminho e aproveitando-o. Quero conhecimento que direcione meus fazeres aquilo que amo.

E sobre conhecer, amar, fazer e chegar a algum lugar, eu penso dia após dia. Confirmar minhas metas pra daqui um ano, dois anos, cinco anos, dez anos; isso se tornou parte da rotina. Terminar graduação, trabalhar para poder continuar estudando. Quem sabe daqui 10 anos eu possa estar na terceira graduação? Quem sabe eu possa estar num mestrado, doutorado? Quem sabe eu possa ter largado tudo pela arte, outra vez, por uma grande chance? Tudo isso faz parte dos meus planos e segue junto de mim.

Eu ando, pelos breves 5 km, pensando muito sobre meu momento atual, pesando valores e dizeres, caráter e fazeres, respeito e maldizeres. Percebo que o caminho não é suficiente para destilar toda filosofia que permanece na questão, mas que me ajuda a ver outras questões favoráveis e desfavoráveis.

Como dias que passam enquanto eu fico largado em meu quarto, delirando entre sonhos e tristezas, entre o sono e o desperto sofrimento do pensar demais; como nesses dias eu me sinto também nos outros quando saio de minha caverna e tento ver outra vez o mundo real. mundo real que tentou matar meus sonhos, com suas perversas pessoas que me fazem desacreditar numa possibilidade de amanhã melhor. mas eu continuo arrastando a porra da minha alma pra chegar em algum lugar. Eu chego sem alma, mas não fico aqui.

A odiosa natureza humana quer me fazer perder a fé naquilo que chamamos de humanidade. Mas esta tão odiosa natureza se esqueceu que eu também sou afetado por ela, sou parte dela, e eu tenho tanto poder quanto qualquer outro. A diferença é que eu tenho inúmeras formas de usá-los. A diferença é que eu estou muito determinado quanto ao que quero. A diferença é que todo esse ódio e essa insanidade, se bem usados, vão me fazer sentir o doce gosto de uma vingança que nem os seus maiores pesadelos poderiam imaginar. E o melhor é que eu farei tudo por mim. E estarei trilhando meu caminho e realizando desejos íntimos, que antes alguns me desanimaram, mas que agora vai se tornar realidade dia após dia.

Festina lente.

Caminho, devagar, mas meu destino é certo.

terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Ligeiro devaneio sobre mim mesmo.

Os dias não passaram. Eles atropelaram as metas do calendário num frenético exercício de se tornar uma máquina do tempo destruidora e automática. Não respiramos para falar, para comer, para pensar, e tudo se torna a tal da cópia, da cópia da cópia do clube da luta. E agora eu entendo melhor aquelas ideias. Agora eu entendo melhor minhas ideias e assim vou trabalhando em ideias melhores.

Só me senti satisfeito escrevendo quando parei de escrever sobre os outros e escrevi mais sobre mim. Me explorei e me exploro através da escrita.

Eu me tornei desconhecido quando me colocava a escrever sobre o que não era eu. Às vezes até pareci ser, parte de mim, ou seja lá o que pudesse ser; mas no fim das contas provavelmente não era, ou só não é mais; independente, não é mais. Posso até escrever sobre. Passado o momento então só me resta escrever sobre mim mesmo.

Até mesmo a minha angústia pouco me atrapalha pois estou dando de mim a mim mesmo. Eu desenho, escrevo, desenho, escrevo, canto; doo tudo que posso a mim. A ansiedade pode tentar me incomodar, mas meu refúgio sou eu mesmo; eu sou meu lar; e dentro desta fortaleza eu me resguardo, entro em reflexão e busco meu crescimento.

E tudo isso só é possível quando nos permitimos conhecer a nós mesmos, da forma mais profunda. Daquela de se assumir e não se importar; de agir como se é. De não ter companhia melhor que a sua própria.

Por que vivemos querendo partilhar nosso tempo com os outros?

É porque tem coisas a partilhar ou por que não consegue ficar só?

Não há tempo para temer o que nossa própria cabeça tem a nos mostrar.

Eu vivo numa enxurrada contínua de ideias e palavras lutando por um lugar, uma oportunidade de ser gravada numa folha ou num arquivo, perdendo a chance que conquistaram de serem ouvidas, ou sendo ouvidas, apenas. Eu falo comigo mesmo por tanto tempo que é inadmissível que eu não saiba lidar com todas essas situações. Eu converso tanto comigo mesmo - e estou me dando conta do quanto, realmente, e me espantando - que eu simplesmente deveria saber que preciso me policiar. Ou simplesmente me blindar da autossabotagem.

Mas isso é devaneio.

Meus demônios também gritam por aqui.

Mas eu estou aprendendo a ouvir mais a mim do que à eles; é cansativo, mas só me policiando para não surtar, entrar em crise.

Mas afinal de contas, detalhes à parte, o ano está acabando bem.

Cautela e paciência. Tudo vai se ajeitando.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Intuição.



Mistico momento de realizações e desapreço. Nem raiva consigo sentir, imagine satisfação. O riso corrompe a face amargurada de tanto pensar e refletir o que o cérebro descarrega. As diversas interpretações de mim só me levaram a ser eu mesmo, todas as vezes. e assim será, por obviedade. então no final tudo o que passo, falo, penso, escrevo, é o óbvio do óbvio do óbvio que habita dentro de mim.

Nenhuma enxurrada de pensamentos reflete a dor física que estou sentindo sei lá por que diabos.

Então, o riso corrompe. É verdadeiro, mas momentâneo.

Satisfação encontraria ao dividir.

Mas só me restou multiplicar e eu sei bem como fazer isso. Meus pensamentos se multiplicam descontroladamente e um fragmento do que se passa em minha cabeça já pode ser rico o bastante.

O barulho em minha cabeça não é só barulho, é um universo todo cheio de vida que quer ser interpretado.

Cada coisa em sua hora. Digo.

Meus pensamentos e meu foco estão dominados.

Meu corpo arrasta minha alma por aí, tentando realinhá-la, aprumá-la. Sem sucesso.

Minha alma parece estar recusando-se a viver. Enquanto eu quero poder desfrutar de tudo o que mereço e vou conquistar, um pedaço de mim está secando, me sufocando, angustiando. e meu medo é que eu me torne todo podre.

Mas eu sei que não. Não desisto, ainda mais de mim mesmo. Meu ego jamais permitiria.

Eu me arrastarei até o fim deste túnel insano, escuro e rarefeito. Eu vou provar daquilo que minha intuição me diz.

O problema é que ela não diz nada.

Eu digo.

Então essa é a solução.

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Paz.




Uma vez me chamaram de louco porque proferi a seguinte frase:

- Não há emoção maior na vida de uma pessoa do que a guerra.

Eu realmente esperava que os demais entendessem.

Mas...

Uma pessoa sem um conflito para lidar não é uma pessoa feliz. O conflito pode ser insignificante, em totalidade, mas para a pessoa terá importância e ocupará o tempo dela satisfatoriamente.

Mas também não era este o ponto.

As guerras internas, externas, elas que nos fazem aprender, crescer, abrir a porra da cabeça e não olhar apenas para o próprio umbigo. As adversidades te acometem para te dar diversidades de saberes. Os desprazeres te ensinam mais do que qualquer prazer. O amor pode ser magnífico, mas é na perda que aprendemos e nos fortalecemos, encontramos nossa independência. sem guerras em nossas vidas seríamos seres intelectualmente estéreis. Teríamos o mínimo conhecimento necessário para sobreviver e estaríamos fadados a não descobrir o porque estaríamos tão angustiados. Ou a angústia nos salvaria, por consequência.

O ser humano sem uma guerra é apenas um pensador na zona de conforto.

A guerra faz o ser humano se desenvolver de imediato.

A guerra é a muleta.

A guerra é o tempero.

A guerra é o orgasmo.

E a paz?

Essa só existe para aqueles que sabem dar valor a uma boa batalha.

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Surtos.

As vezes eu perco o controle. Não há outra forma de tratar isso. Perco o controle. Perco o controle sobre meu sentir. Perco o controle sobre meu falar. E isso já basta. Já é demais.

Todos os dias são repletos de desafios diferentes, maiores, menores, rápidos de solucionar, complicados, insolúveis. E com eles vem o desgaste emocional. E assim descobri o quão baixa era minha inteligência emocional para novos desafios. E para alguns que eu já passara. Então eu não estou prestando atenção em minha própria vida?

De fato?

Não.

Sobrevivi dia após dia sem entender metade das coisas à minha volta porque estava focado demais em meus demônios interiores que me distraiam num conforto egocêntrico. Muitas vezes era mais cômodo reagir com raiva, com intensidade, do que com razão. Era mais fácil apenas deixar o stress dominar do que encarar a situação de frente, buscar resolver o que havia de errado comigo mesmo.

Mas o problema é que eu não percebia o que fazia. Era tão natural reagir à tudo. Quando era novo tudo me era imposto e eu aceitava, me omitia, só rejeitava algumas coisas que para alguns nem fazia sentido. Cresci e parei de aceitar isso. Eu tenho opinião. o problema foi o ego desenvolvido por trás disso, este que não aceita opinião contrária, se acha inteligente demais para ser contrariado.

Eu realmente me deixei a mercê de um outro eu, muito parecido, mas que drena o melhor de mim: a curiosidade.

Um outro eu que não aprende com os erros, que erra pra valer e busca o caos. Que faz o que quer comigo quando abaixo a guarda. Que me diz que eu sou o cara, sou foda, mas depois me passa uma rasteira e olha pra mim e debocha "o mundo só te derruba... você não merece esse mundo e esse mundo não merece você..." e eu perdia ainda mais o rumo e começava a achar que todas as pessoas são ruins e não merecem o que tenho a oferecer, como se eu fosse viver um calvário até o fim de meus dias, marginalizado por mim mesmo e largado às traças.

Por quê?

Porque eu não aprendi a lidar comigo mesmo. Eu passei tempo demais almejando e pouco tempo observando. Por falta de observação não aprendi como deveria, não desenvolvi como deveria, não me entendi como deveria, não compreendi o que deveria, não mudei o que deveria e não cheguei onde queria. Eu apenas me iludi e deixei a vida seguir. Eu desisti sem saber.

Mas agora eu sei.

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Ferida.

Traumas não são apenas feridas, mas também algo que nos permeia o medo. Eu não aprendi a lidar nem com meu primeiro trauma e já tive centenas de outros. Ou seriam milhares? Talvez por não lidar com os primeiros devidamente eu tenha me consumido com diversos outros que foram me apodrecendo por dentro.

Mas eu me esforço para reverter essa situação. Não é a primeira vez que levanto de uma queda, e se eu levantei mesmo sem superar agora vou levantar ainda mais forte e vou superar.

Não importam as aflições e as privações, mas sim como lidarei com elas. A saudade pode até me trair por um momento, mas a arte transformará em poesia todo sentimento. Eu não fugirei mais. eu ficarei até o final e não temerei resultado. eu já tenho os piores resultados e nem isso consegue me matar.

Vendo tudo o que passei entendo que será um árduo trabalho lidar com tantos medos, feridas, frustrações. Eu percebo que fui manipulado sem querer, manipulador sem querer, e que isso foi causado por uma ferida que eu não compreendi como deveria. Eu percebo que fui calado e omisso muito tempo e passei a ser reativo e raivoso, tudo por não saber lidar com a ferida que fizeram em mim. Eu transformei um rancor por algumas pessoas num ódio coletivo pela humanidade, que se manifestava das piores maneiras quando eu era tomado por sentimentos horríveis e situações frustrantes. Perdi meu protagonismo. Não controlava mais meu próprio filme.

Só chegando ao fundo do poço para conseguir acordar.

E só saindo de lá para conseguir superar.